Trilhos Serranos

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terça, 17 novembro 2015 19:43

HOMO SAPIENS, HOMO DEMENS

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Os recentes acontecimentos perpetrados contra a HUMANIDADE, levados a efeito por um grupo de terroristas fundamentalistas, em nome de um deus e de uma religião (esquecido o que, há muitos anos, estudei sobre o Médio Oriente, entre Israelitas e Palestinianos)  fez-me estender o braço, retirar da estante o "Paradigma Perdido" de Edgar Morin, (Publicações Europa-América, segunda edição,1973) e retomar a caminhada da "NATUREZA HUMANA", no ponto onde ele estancou e disse:

"(...) precisamos de sobrepor a cara séria, trabalhadora, aplicada do "Homo sapiens" a cara simultaneamente diferente e idêntica do "Homo demens". O homem é louco sensato. A verdade humana comporta a desordem. Por consequência, trata-se de averiguar se os progressos da complexidade, da invenção, da inteligência, da sociedade, se efectuaram "apesar, com ou por causa" da desordem, do erro, da fantasia. E nós responderemos que foi ao mesmo tempo "por causa, com e apesar" , visto que a resposta adequada só pode ser complexa e contraditória". (páginas 110-111)

São palavras de filósofo, de especulador de pensamentos e comportamentos próprios da NATUREZA HUMANA, dignos de enrouparem dissertações académicas, de mostrarem erudição nas mais diversas tertúlias intelectuais, mas levá-las a sério, apesar do provérbio afirmar de "de louco, todos temos um pouco", aceitar isso, aceitar que, no ser humano, a razão coexiste com a loucura, nem pensar. Mais crível e fácil é remeter para os deuses do BEM e do MAL os nossos actos, os progressos e os erros da nossa saga milinar.

E nessa saga milenar, porque eram "os deuses que deviam estar loucos" (e não os homens) ele houve guerras, conquistas e reconquistas, cavalgadas, escudos e espadas; ele houve autos de fé e fogueiras da inquisição;  ele houve impérios feitos e desfeitos; ele houve o Mediterrâneo, o "mare nostrum" dos romanos conquistadores e o Mediterrâneo, o "cemiterium" deles, dos refugiados; ele houve e há campos de concentração; ele houve e há povos inteiros dominados; ele houve e há exploradores e explorados; ele houve e há colonizadores e colonizados; ele houve e há RETORNADOS à pátria e da pátria REFUGIADOS. Ele há seres humanos metidos em guetos, apátridas, desenraizados; ele há fome e desempregados; trabalho ao minuto, à hora, ao dia, à semana;  ele há dívidas privadas, públicas e soberanas; ele há credores, devedores e Mercados. E neste caldo humano, ano após ano, vidas atrás de vidas, agora, metidas nos museus as armas antigas, uns usam metralhadoras e balas para subjugarem o inimigo, outros usam números e as tecnologias sofisticadas para subjugarem os mundo.

"ANONYMUS" de todo o globo uni-vos, enquanto estais vivos, contra eles todos. Eles não são gente, não são pessoas, são apenas números. Vós sabeis, eles são a Besta, são o 666.

Stop. São apenas alguns fotogramas do filme da saga humana a projectar-se no ecran com uns protagonistas em acção e outros refastelados na plateia ou no balcão a saborearem e comentarem a evolução da sétima arte, senão mesmo aqueles que fornecem aos produtores o capital para o produto final.

E veio. Tinha de vir o filme produzido pelo "Homo demens" que, em grupo organizado, coordenado, fanáticos senhores da razão do "Homo sapiens", sem pingo de humanidade, dominando as técnicas de comunicação e do armamento, em poucos instantes crivam de balas os seus semelhantes e, logo de seguida, atingido o mais elevado grau de demência, se desfazem a si próprios em fanicos e desaparecem da face da TERRA. 

Homo sapiens, homo demens, pensamento de filósofo, Anno Domini 2015

Abílio/17-11-2015 (cf minha página do Facebook dia 18/11/2015)

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.