E se dos alunos ouvia
Algum ofensivo palavrão
Eu imediatamente dizia
Que eu também o conhecia
Mas impunha a educação
Que dizê-lo na escola não.
No recreio, não eram poucos
Ditos nas suas brincadeiras.
A tantos fiz ouvidos moucos
Ditos eram de mil maneiras.
Se um jogo mal corria
Logo aquele que perdia
No calor da sua a luta
A mãe do outro ofendia
Chamando-lhe filho da puta.
Outro palavrão frequente
Usado por toda a gente
Diziam eles, sem atalho.
Eu cocheço, mas não digo.
Tirem o “v” ao meu apelido
E rima têm sem trabalho.
E neste momento que passa
Que proibe toda a partilha
Como vai fazer o “copy/pasta”
Se não tem outra cartilha?
O “venham mais cinco” do Zeca
Perdeu sentido por agora
A polícia manda-os embora
Suspeitos de lhe dar “a breca”.
Venham todos, um a um
Aos magotes é que não
E tudo aquilo que é comum
Deixa de andar de mão em mão.
Foi abalada a essência humana
Que a todos fez naturalmente
Macho/fêmea, homem/mulher
Só porque apareceu um sacana
A mandar como pode e quer.
Voltamos ao antigamente
De conventos e mosteiros
Eles foram os pioneiros
Monges e “estilitas” solitários
A fugir de toda a gente
Empoleirados nos seus calvários.
Quem havia de dizer
Depois de sabermos tudo isto
Que estava por aparecer
Esse maligno anti-cristo
Que todo o mundo quer foder?
Abílio/março/2020