PRIMEIRA PARTE
“O Dr. Sertório Dias, chegado a Castro Daire em formação de serviço à PERIFERIA, por cá ficou. Eu, retornado do Alentejo (em 1983-84) com mulher e filhos, acabámos todos por ser integrados na lista que fazia dele o nosso MÉDICO DE FAMÍLIA e assim tem sido até hoje. Dos quatro (mulher e dois filhos) atualmente só eu lhe dou trabalho (pouco) por razões que não vêm ao caso.
Nessa altura, quando nos conhecemos, fiz com ele um trato. Estou na sua lista, sou seu cliente, mas por mim pode ir de férias. Dispenso os seus serviços. Certo? Só espero ser compensado mais tarde, quando lhe bater à sua porta.
Ele, com aquelas falas mansas muito suas, com aquele sorriso e olhar inteligente que se lhe reconhecem, dizia-me sim senhor, assim seria e, de facto assim é. Com efeito, durante muitos anos que eu somente o via quando assiduamente acompanhava a minha mulher, hoje por uma coisa, amanhã por outra. Sempre gentil e prestimoso para com ela e para com os meus filhos.
Mas a minha vez chegou. Tensão alta, colesterol fora dos parâmetros, sono a abandonar-me e a querer que passe as noites em claro, ele já sabe, de cor e salteado, as mazelas do doente que lhe deu férias, em tempos idos. Com análises feitas de longe em longe, a coisa não tem corrido mal. Hoje basta um telefonema. Ó Dr. estou a precisar dos seus serviços. Certo. Vá marcar a consulta ao Centro e apareça. Há novidades ou é o costume? É o costume. Certo. Mas houve um dia que não foi o costume. Ele sabe que eu tenho uma certa aversão aos HOSPITAIS, aos CENTROS DE SAÚDE e, de uma maneira geral, à BATA BRANCA e ao ESTETOSCÓPIO. Só «nas as últimas» é que me dirijo a esses sítios.
E um dia apareci-lhe mesmo «NAS ÚLTIMAS. Estou convencido que, dessa vez, ele me salvou a vida por um triz. Só mais umas horas e uma pneumonia atirava comigo morto para o CREMATÓRIO. Foi essa a minha leitura depois de engolir os antibióticos receitados. E ele, que nada tem de mandão, disse-me perentório: desta vez venha cá depois de tomar os remédios. Quero vê-lo. Ouviu? Ouvi. E lá fui. Ele tinha toda a razão.
Ora eu, que tanto tenho defendido a REGIONALIZAÇÃO E A DESCENTRALIZAÇÃO, não podia calar por mais tempo o contributo que este médico, fazendo a PERIFERIA pós universitária, por cá ficou a olhar pela nossa saúde (minha e de outros) e, desse modo, a fazer com que o desequilíbrio demográfico campo/cidade seja menos acentuado”.
SEGUNDA PARTE
Devido à situação PANDÉMICA que vivemos, a fim de se evitar a propagação do vírus, a sua última receita foi feita por via electrónica, como mostra a foto ao lado.
Ora, VALENDO ELA POR SEIS MESES, aproximando-se a necessidade da mesma medicação CRÓNICA (tensão, colesterol e sono) ontem telefonei-lhe para o seu telemóvel e soube, pela sua boca, que já não estava no CENTRO DE SAÚDE DE CASTRO DAIRE e que, por via disso, tinha deixado de ser o meu MÉDICO DE FAMÍLIA. Que tinha sido substituído, nessas funções, por uma colega sua. Com pena minha, lamentei, mas tudo bem.
Telefonei para a CENTRO DE SAÚDE, telefone número fixo 232 319 181, a fim de saber o nome e o telefone da SENHORA DOUTORA que assumiu a essas funções, confiante dela vir a merecer a estima e consideração que sempre me mereceu o Dr. Sertório. Só que, lamentavelmente, todas as REPETIDAS VEZES que tentei o contacto, recebi como resposta automática:
«Lamentamos neste momento não é possível estabelecer a sua chamada. Por favor tente mais tarde».
E eu tentei e insisti. Mas de tanto insistir cansei e resolvi trazer a público, neste meu espaço online, como vão estas coisas da SAUDE nas nossas instituições de base, nos tempos de PANDEMIA.
Ora, obedecendo eu às regras do COMFINAMENTO e apesar de haver a possibilidade da MEDICAÇÃO CRÓNICA ser feita por via eletrónica para evitar “contágios” não terei outro REMÉDIO senão deslocar-me ao CENTRO DE SAÚDE DE CASTRO DAIRE, sujeito a contágios, mas não sem o devido PROTESTO PÚBLICO:
Primeiro: eu já devia ter sido informado, pelos serviços, que, com a saída do Dr. Sertório, eu já estava sob a alçada de outro MÉDICO/MÉDICA DE FAMÍLIA.
Segundo: Tendo 81 anos de idade e estando dependente da medicação crónica (certamente toda ela registada nos computadores de serviço), como posso evitar uma deslocação ao CENTRO com todas as vias telefónicas TRANCADAS ?
Não possuindo o nome da ACTUAL MÉDICA DE FAMÍLIA, nem o seu número de telemóvel, deixo aqui o meu - 963 018 925 - na presunção de não virem os SERVIÇOS DE SAÚDE alegar, em qualquer circunstância, que não envidei todos os esforços para dar cumprimento à minha postura cívica, no cumprimento das normas SANITÁRIAS, dando assim o meu contributo à morte do coronavírus na sua versão original e variantes.
E deram-se conta de que eu nem sequer falei nas VACINAS? Pois não. Porquê? Porque, tal como dizem os responsáveis POLÍTICOS SUPERIORES, aguardarei ser contactado para o efeito e dizer sim ou não. No caso afirmativo, saber onde devo dirigir-me. Isto, claro está, se os SERVIÇOS FUNCIONAREM e a voz automática do telefone «não lamentar a possibilidade de estabelecer da comunicação».