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terça, 11 março 2025 13:36

CORES DA VIDA E DA MORTE

Escrito por 

No dia 25 de fevereiro de 2025, encontrei no chão da varanda da minha moradia uma borboleta caída, aparentemente morta, em vida.. Apressei-me a fotografá-la, e, na fotografia, reparei que  na ponta das antenas ainda alumiavam dois faróis, dois sóis, tal como versejo na segunda parte dos versos que se seguem:

PRIMEIRA PARTE

borboleta-2

No chão da minha varanda

Sem vitalidade ela pousou

Abriu as asas, mas não voou

Ali teve fim a sua demanda.

 

E nesta sua vida breve

O baile alado terminou

Mas leve, muito leve

A sua beleza nos deixou.

 

borboleta-3Morta, sem vida, fotografada

Pelo mundo inteiro voa ainda

Colorida, bela, coisa linda

Numa eterna viagem alada.

 

É um milagre da tecnologia

Dar vida à natureza morta

E a mim muito me importa

A vida e a morte em poesia.

 

SEGUNDA PARTE

BORBOLETA-1Leve, muito leve

Não sei porque caminhos

Na sua vida breve

Ziguezagueando pelos ares

Escreveu odes, escreveu hinos

(Versos sem conta, aos milhares)

Somente lidos

Por aurelianos e poetas.

Mas, desfalecida,

Aparentemente morta

Sem vida

Quedou-se no chão

Da minha varanda

De asas abertas,

Ali mesmo, na pedra fria,

Isso que lhe importa?

Tudo nela me encanta.

Observei-a demoradamente

De baixo para cima

De trás para a frente

De lado para lado

E quedei-me na simetria

Da sua figura

Na simetria da pintura

Naturalmente distribuída

Por toda ela.

E com ela

Como se fosse gente,

Num só instante,

Ziguezagueante,

Cruzei todos os céus

Ao alcance

Dos olhos meus.

Uma beleza!

Aquele milagre da natureza

Merecia

Uma fotografia.

Fotografei-a.

E, eia!

Os meus olhos atentos

Caíram fascinados

Nos dois farolins

Acesos nas pontas das antenas.

borboleta-varandaPormenores, pormaiores

Coisas grandes, coisas pequenas

Dois faróis

Dois sóis

Dirigidos aos confins

De outros mundos

Perdidos no universo.

Mundos mais pacíficos, mais humanos

A anos luz da Terra.

Muitos anos,

Lá longe, onde haja mais verso

Mais borboletas

Menos guerra

E espoletas.

Abílio/março/2025

 

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.