SOUTO DE D. DINIS
De castanhas se fazia pão
Caldo de castanhas se fazia.
Bem o pode negar e dizer que não
Pessoa de pouca sabedoria.
São heróis de HISTÓRIA, sim senhor
Com ou sem o rei poeta, D. Dinis
E valorizando o que o povo diz
Quem me dá explicação melhor?
Companheiro de viagem natural
Foi o robusto carvalho alvarinho
Muitos destes eram um carvalhal
Muitos daqueles eram um souto
Para o povo todos eram pouco
A uns e outros tratavam com carinho
E distintos eram do mais matagal.
Eu, deambulando serras fora,
Esses heróis miro, remiro, e admiro
Nunca cantados até agora.
E nem uma letra ou vírgula tiro
Desta minha real admiração.
Pois se da castanha se fazia pão
Do carvalho se fazia embarcação
Caravela, nau ou barco que valha
Fazer-se ao mar, fazer-se à navegação
E levar na proa uma bandeira.
Daí que carvalho virasse carvalha
E carvalha virasse marinheira
Metamorfosse esta (não é asneira)
Que tem escapado a todo o linguista
Que em tal realidade nunca pôs a vista.
Abílio/2022