PRIMEIRA PARTE

Dei conta disso em dois vídeos que alojei no meU canal no YOUTUBE, mas impensável era que eu não escrevesse uma “linhazinhas” sobre estas minhas andanças, pois nem tudo cabe nas movimentadas imagens de vida retidas na câmara de filmar. imagens, algumas delas, a «reter» um «tempo parado» das nossas rodovias do interior, outrota formigueiro de gentes., nacionais e estrangeiras.
1 - Subimos à crista do monte onde se levantou o Castelo de Marvão, almoçámos num dos restaurantes intramuros (fotografei o nome, mas não digo) e “desgustámos” (não é erro ortográfico) o custo de uma refeição “normalíssima”. Tão normal que, de extraordinário, só teve o peso dos números que davam a soma da tactura.
Ao vê-la, com os meus oitenta e cinco anos de idade, sugeri aos meus filhos - eles é que pagaram - que aprendessem a “gastar” melhor o dinheiro que tanto lhes custa a «ganhar». Um dia poderá fazer-lhes falta. Almoçar num «ninho de águia» não é a mesma coisa que almoçar num ninho de «con-dor».
2 - Subimos à capelinha da Senhora da Penha, a mirar Castelo de Vide, como outra Senhora da Penha mira Guimarães e dali assistimos a um pôr-do-sol espetacular. E corremos encosta abaixo para fazermos o mesmo no MIRADOURO DO PARQUE DAS MERENDAS DA FONTE DOS CARVOEIROS, sito numa cota bastante inferior.

Um excelente lugar para “amantes” de fotografia e reterem com sensibilidade, paciência e arte os momentos em que o astro-rei se aconchega atrás da linha do horizonte, afrouxa os raios incandescentes e, redondo, apaga a luz para adormecer nos milenares lençóis da sua trajetória cósmica.
3 - Fomos ao sítio da MEADA, concelho de Castelo de Vide, para vermos o MENHIR que ali se levanta, com cerca de 7 metros de altura, no meio daqueles montados de sobreiros e arvoredo nativo, com vias abertas pavimentadas entre eles e o MONUMENTO devidamente sinalizado.
Não íamos sós naquela direção. Mais duas viaturas nos seguiam e, chegados ao mesmo tempo, ouvi um dos visitantes dizer quando saiu da viatura:
- “O que é preciso andar para vermos um calhau” (sic)

Era um conjunto de amigos e, dirigindo-se em grupo para o MONUMENTO pré-histórico, chegaram-me aos tímpanos as ideias que alguns deles tinham na cabeça e verbalizavam desinibidamente em voz alta. Não diziam que era um “símbolo fálico”, “um símbolo de fertilidade”, mas sim aquele membro masculino, às vezes a pino, nomeado naquele português vernáculo que não raro se ouve a cada esquina, a toda a hora e circunstância, por este Portugal acima e abaixo. Tudo muito “coltoral”.
Deixei que o grupo de afastasse para fazer do meu filho Válter “cameraman” e ali mesmo, deixar, em vídeo, um registo da minha visita. Gosto disto.
O grupo deixou o reduto, dirigiu-se às viaturas estacionadas no lugar aberto para o efeito, mas uma senhora de cor, ficou para trás e, confiando-nos o seu telemóvel, pediu-nos o favor para a fotografamos com o MONUMENTO em fundo.
O meu filho atendeu o seu pedido e, feito isso, depois dela se retirar, eu virei-me para ele e disse-lhe:
- «Esta senhora foi a única, daquele grupo, que teve uma atitude cultural.
P.S, Se, por ventura, ela vir este meu apontamento saberá que muito admirei o seu gesto. A História, a Cultura, a Sensibilidade, a Arte, a Religião, o ódio e o amor não têm COR.
SEGUNDA PARTE
ENSINO PRIMÁRIO: Ela, a minha professora primária “regente”, em CUJÓ, chamava-se INÊS DE JESUS CERVEIRA PINTO (da freguesia de RERIZ, Castro Daire), e acabou FREIRA ENCLAUSURADA (por vocação) num mosteiro do norte do país, creio que em Braga.

Li o seu DIÁRIO cedido pelas duas irmãs Professoras e notei que ela se perdeu e amores por Jesus e por Salazar. Soube disso quando, no regresso de Moçambique, (retornado assumido) procurei saber dela e agradecer-lhe o muito que me tinha obrigado a meter na cachimónia, nos meus tempos de ENSINO PRIMÁRIO: seja os nomes de todos rios de Portugal e afluentes, serras e montes encadeados nos respectivos maciços orográficos, VIAS FÉRREAS e RAMAIS delas, que rasgavam Portugal inteiro.
Vem isto a propósito dorecente “PASSEIO TURÍSTICO”, a que aludi acima, por terras do ALTO ALENTEJO, v.g. concelhos de MARVAO e de CASTELO DE VIDE, onde visitei as ESTAÇÕES FERROVIÁRIAS (desativatadas) de MARVÃO-BEIRÂ e VALE DO PESO, ambas integradas no RAMAL da LINHA DE LESTE, dito RAMAL DE CÁCERES, com começo na Torre das Vargens, seguindo para o Vale do Peso, Castelo de Vide, Beirâ (Marvão) e Espanha. (Vide grelha acima)
Fiz vídeo e “verbalizei” estes dois sítios, lamentando a sua DESATIVAÇÃO, sem me esquecer das centenas de quilómetros de carris que, em tempos idos, com a firmeza própria do ferro, rasgavam Portugal de lés-a-lés e, por força de estudo, se acomodaram contorcidos à platicidade do meu cérebro infantil (em formação), atulhando a minha caixa de MEMÓRIA, até ao presente. Mas, para mais precisão, mal cheguei a casa, fui à Biblioteca, botei mão aos «livrinhos» da PRIMÁRIA e, revista a matéria, aqui dou nota dos mapas sempre prontos a consultar.
Ainda bem. Com todas elas embrulhadas e entrelaçadas na moldável massa encefálica que me ocupa a caixa craniana, só fiz uso de algumas, quer para cumprir o serviço militar, quer por obrigação profissional docente, como foi o caso de saborear as oferecidas comodidades dos clássicos bancos de madeira, frente a frente, que mobilavam as carruagens desse meio de deslocação, quando, em cursos de reciclagem profissional, tive de viajar de comboio de BEJA para FARO e vice-versa.
Em viagem turística propriamente dita - de conhecer, saber e usufruir tempo de lazer - só de MIRANDELA até ao TUA e vice-versa, scompanhado da minha esposa Mafalda e prole, muitos antes da polémica barragem que veio a truncar e a inutilizar parte desse RAMAL que ligava Tua a Bragança.

Uma pena. Deixo aqui algumas fotos da ESTAÇÃO de MARVÃO-BEIRÃ e do VALE DO PESO. Elas não são um HINO de louvor ao ESTADO NOVO e ao DITADOR. Elas são LÁGRIMAS DE DOR em torrente desta nossa chorosa DEMOCRACIA, cujos GOVERNANTES (eles têm nome, terão certamente autobiografias muito bem elaboradas. Será que falam nisto?) na miragem do PROGRESSO e DESENVOLVIMENTO partiram PORTUGAL ao meio, longitudinalmente, abandonaram a parte INTERIOR do território e, por via de políticas CENTRALISTAS, com dinheiros da CEE e outras siglas posteriores, entornaram para o LITORAL os recursos humanos mais activos e inconformados com o abandonao e foram inteligentemente buscar as formas de vida e comodidades mais consentâneas com os tempos, cultura e ascensão social, longe da sua terra natal.
Os GOVERNANTES que assim procederam e os que prosseguem na mesma senda, esses sim, mereciam que o MENHIR da MEADA lhes fosse receitado como supositório contra a maligna febre CENTRALIZADORA que lhes perturba o SER e o AGIR político-administrativa e cultural.
NOTA: ANEXO LINK https://www.youtube.com/watch?v=fYNCklTFlUo&t=193s DO VÍDEO ONDE FORMULEI O MEU «PROTESTO POLÍTICO». e agora que o GOVERNO está em maré da apostar na FERROVIA (MAIS UMA VEZ COM DINHEIROS VINDOS DA eUROPA) convinha que os autarcas de MARVÃO e de CASTELO DE VIDE não estivessem a dormir.