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terça, 28 maio 2019 16:59

LIVRO ABERTO E ILUSTRADO (e)

Escrito por 

«A VERDADE É COMO O AZEITE VEM SEMPRE AO DE CIMA»

BOMBEIROS - Prós e Contras - 5

 

Para que este jornal mantenha alguma dignidade e seja um espaço de informação lúcida e de esclarecimento formativo, não vou descer ao nível da verborreia publicada na última página do número anterior, lamentavelmente assinada pela «Direcção dos Bombeiros Voluntários de Castro Daire».

 
«Reconheça-se que é mais fácil repetir do que criar, concordar do que contrariar, ir no molho do que caminhar sozinho (...) Quem ouse pensar de forma diferente ou se silencia voluntariamente e sufoca ou aceita o açoite em praça pública com os mais vexantes apodos. É certo que não vivemos em ditadura nem há inquisição. Mas as acusações e denúncias que se vão lendo emparelham em crueldade com os mais impiedosos autos-de-fé».Zé de Bragança, «As verdades reveladas» in «NM de 16-04-2006

ABÍLIO - VOGALPara que este jornal mantenha alguma dignidade e seja um espaço de informação lúcida e de esclarecimento formativo, não vou descer ao nível da verborreia publicada na última página do número anterior, lamentavelmente assinada pela «Direcção dos Bombeiros Voluntários de Castro Daire». 

Ora, desnecessário é dizer que, nos circuitos informados e cultos, sabido é que o «estilo é o homem», que a «obra é o autor», expressões que assentam brilhantemente nessa peça trágico-cómica. Quer na forma, quer no conteúdo, ela é bem a obra, é bem o estilo de quem a congeminou, escreveu e assinou. Que exemplo de «excelência» num concelho e num país que buscam os caminhos do desenvolvimento e da literacia consentânea com os tempos que correm!  Naquela prosa, os seus autores acusam-me de «ter a mania de saber tudo, de tudo e sobretudo» (sic). Não é assim. Só falo do que sei e recuso-me a falar sobre tudo. E de «sobretudo» ou «capote», por exemplo, só falo em tempo de frio. Entenderam?

Pois bem, não sendo este jornal um jornal de caserna nem um espaço de soalheiro ou de taverna, jornal que voa longe pelos caminhos da emigração, tal prosa não dignifica Castro Daire, não honra a Associação e devia envergonhar quem assim fala, quem assim procede, quem assim escreve.

À falta de razão e de argumentos consistentes e verdadeiros relativos ao assunto em debate, à boa maneira da coscuvilhice, toca de meter o nariz na minha vida privada e acusar-me, também, de subtrair algo às badanas das capas dos meus livros. Isto porque só forneço dados posteriores à minha licenciatura. Doutos, não sabem distinguir biobibliografia de biografia! E, numa inqualificável insinuação, perguntam: «o que é que fez para traz, assim de tanto tenebroso, que não se possa saber?» (sic) sugerindo que escondo algo do meu passado profissional. Não. E tenebrosas são as mentes que isso pensam e que, na sua bitola de valores, julgam ser crime «subir na vida a pulso» com muito trabalho, dedicação ao estudo e, passe a imodéstia, alguma massa cinzenta de qualidade arrumadinha na caixa craniana. Insinuam, também, que eu tenho um critério de verdade para a minha história pessoal e outro para a História dos Bombeiros. Não. Eu escrevo fundamentado em documentos, procedimento desprezado pela «idoneidade» e «probidade» dos autores destas desprezíveis afirmações. A decência e a honradez impunha-lhes a obrigação de documentar a insinuação que fizeram sobre o carácter «tenebroso» do passado que me apontam. Essa atitude é tão atentatória do meu bom nome quanto reveladora do caracter, da credibilidade e da reputação das pessoas que assim PRESIDENTEPRESIDENTES - Cópiaprocedem em nome da   Direcção dos Bombeiros. Isto, na mesma prosa em que se dizem «pessoas honestas, sérias e que não vendem gato por lebre». Deste seu comportamento toda a pessoa de bem ajuizará por si, mas sempre direi que é preciso muito descaramento e falta de vergonha para se chegar a tanto. Sei que a minha vida profissional e pública  não se presta à intriga e ao mexerico, o que muito irrita e desconforta quem se alimenta e regala com o caldo da subcultura e difamação. Mas ela é o que é, e, como não estamos no reino do «vale tudo», a seu tempo e em lugar próprio, esclarecer-se-á a insinuação sobre o meu «tenebroso» passado pré-universitário e todas as afirmações públicas com vista afectar a minha «honra e reputação», bem como  a «obra» fundamentada nos documentos que não pertencem à NASA e eles reconhecem ser da Associação dos Bombeiros. Não tenho pressa. Feito o rego, a água vai deslizando para o moinho certo. Puxados a campo limpo e aberto, ainda que só eu jogue limpo, toda a gente já viu o jogo de interesses que se movem contra o autor e o livro.

De iguais cabeças saiu a alusão aos «legionários que nasceram em Cujó», pensando, certamente, que o facto de o meu pai ter sido legionário, tal constituía um ferrete para mim e me inibia de falar do «25 de Abril», de assumir a defesa da liberdade e da democracia Enganam-se. Não tive nada a ver com as suas opções políticas, aliás, bem diferentes das minhas - socialista, republicano e laico - que ele sempre respeitou. Dedicou grande parte da sua  vida à causa pública. Foi um andarilho incansável empenhado na criação da Freguesia de Cujó. Foi LEGIONÁRIO, foi REGEDDOR, foi PRESIDENTE DA JUNTA, mas nunca se serviu dos cargos que ocupou para «DAR» aos amigos e compadres bens que não lhe pertencessem. Como regedor não deixou de condenar a delinquência, o vandalismo perpetrado por marginais sociais contra o património material dos cidadãos deixado na via pública. E, no exercício das suas funções, nunca tomou iniciativas inquisitoriais contra o património intelectual de alguém, como fez o Presidente da Direcção dos Bombeiros, propondo que o meu livro fosse lançado à fogueira. Auto-de-fé fora de tempo! O MEU PAI (col letra grande) era um homem de palavra e de honra no quadro de valores do seu tempo. Tal como outro LEGIONÁRIO seu amigo, Manuel Luciano, desta vila, também homem de palavra dedicado à causa pública. «O melhor Comandante do Corpo A.LucianoActivo de COMANDANTES - CópiaBombeiros», nas palavras dos seus antigos subordinados. Disciplinado e disciplinador é um dos protagonistas da História dos Bombeiros. Confirmem lá os actuais directores, democratas. Vejam se o historiador socialista o excluiu do livro, ou se, pelo contrário, ele figura ao lado daqueles que, em campo ideológico oposto, andaram por aí a berrar, em Castro Daire, «pêcêpê..!. pêcêpê!». História é História, com seus factos e protagonistas.

Mas vejam ainda os leitores a seriedade desta gente que remeteu para a «Gazeta da Beira» coisas que eu não escrevi lá. Que desfaçatez! Que forma nada séria de escaparem à resposta sobre os predicativos  «fascista, fundamentalista, Ayatola e legionário» que jamais colei ao tal sujeito em qualquer jornal. Mas, dizem eles, «foi nesse jornal que foi dito tudo isso». Só que nem uma palavra dessas consta no texto que lá escrevi e pode ser lido no número de 23-02-2006. Eis a prova de quem «mente e a quem cresce o nariz». De quais as «cabecinhas que não funcionam bem» e que precisam de ser tratadas com mezinhas de boticário caseiro, ou de laboratório. Mas, para além disto, fica claro: quem, face a matéria documentada e pública, afirma o seu contrário, imagine-se a credibilidade de tudo quanto faz, diz e deixa em arquivo para fundamentar a História.

Quanto à papelaria ETC, direi que as razões por que o seu proprietário «não fala comigo» são públicas. Só que, como poder-se-á ver, muito diferentes daquelas que ele «amandou» boca fora. Elas estão no «Notícias de Castro Daire» de 10 de Setembro de 2004. E o caso foi que, em defesa do interesse colectivo, dado não se conhecer nenhum concurso público sobre o espaço ocupado pelo «Quiosque do Jardim», que ele explora há largos anos, questionei a Câmara Municipal sobre o tipo de licença atribuída e perguntei se «a licença era vitalícia» ou se «a ocupação daquele espaço estava a coberto da lei de usucapião». Fi-lo em defesa do interesse público, que, aqui e agora, reitero, mas, como isso mexeu com os seus interesses comerciais, ele não gostou e, vai daí, tenho ali um «amigo» que não fala comigo, mas, ligeirinho, fala muito de mim, de acordo com as suas conveniências comerciais e dos seus amigos. O livro do seu amigo a que se refere, deve ser aquele plagiato que eu, na altura, denunciei publicamente, primeiro nas colunas deste jornal e, depois no meu livro «Rota Sinuosa». O leitor pode aí confirmar o que digo e também em www.trilhos-serranos.com. O resto é invenção. É que eu não pertenço à constelação do mexerico, dos telefonemas cochichados e maldizentes. Tudo o que digo e faço em defesa dos valores, dos princípios e do interesse colectivo é público e notório. Contra mim, intrigas deste quilate não dão cancha.

Sobre a «carta que um aldeão engoliu na vila» estes senhores fizeram-se desentendidos e, peritos em metamorfoses sem rabo nem cabeça, transformaram a carta em livro para dizerem que o fiz engolir a alguém. Ora o que sobre isto se sabe é que, contra minha vontade, alguns «amigos» dos Bombeiros apressaram-se a engolir o livro antes de ele estar à venda. E, de borla, escorregou goela abaixo que nem manteiga. Com um grave senão. Assim engolido, o seu conteúdo não foi lido e os glutões  aparecem-nos, agora, tão empertigados, tão balofos, tão cheios de vento que, quando se põem a digerir a obra engolida, é o que toda a gente vê e cheira: um repugnante vómito sobre a nossa gramática (o que é o menos), sobre a verdade dos factos, sobre os princípios da probidade e do rigor, sobre a história documentada (o que é o mais), bem distinta da estória da Carochinha e da estória de Alice no País das Maravilhas.

Propensos para a fantasia e adivinhação, a propósito da «marca de oralidade»  deixada no meu texto escrito, onde escrevi «pêcêpê» em vez de «P.C.P», puseram-se a adivinhar alvitrando que o que eu  «queria dizer era PCP, PCP (Partido Comunista Português)»(sic). É demais! Isto é básico nas AULAS DE PORTUGUÊS. Quem não aprendeu que aprenda. Eu já estou aposentado.

Mais grave, porém, é a adivinhação que se segue: estes senhores, sem a noção de nada, nem dos valores que as instituições académicas exigem a quem nelas dá o seu contributo à formação da massa cinzenta do País, a propósito do texto do Professor Doutor Amadeu Carvalho Homem, com que abri uma das minhas crónicas, atrevem-se dizer que «não temos dúvida nenhuma se ele lê-se este livroo elogio só se fosse pago, porque gratuitamente, o sr. Professor Doutor, não o fazia»(sic).

Por respeito a este distinto PROFESSOR UNIVERSITÁRIO e à própria Universidade em que ele labora, eu nem deveria fazer esta citação. Mas faço-a para que o leitor aquilate bem do valor das pessoas que assim pensam e das palavras que se arrojam a debitar na imprensa. Trata-se da Direcção dos Nossos Bombeiros. E, sem argumentos sérios contra a obra que lhes causou urticária, arvorados em bruxos e adivinhos, berram: «não temos dúvida nenhuma que se ele lê-se este livro...»Se o ridículo fosse dinheiro, com esta Direcção, os Bombeiros estavam ricos.

Adivinhação à parte, para que esta gente fique a saber quanto estou bem acompanhado e me honro dessa companhia, vou citar algumas palavras que um SENHOR nosso vizinho, com estatuto e currículo profissional, cultural e político bem conhecidos, um exemplo de cidadania que também subiu na vida a pulso, entendeu dirigir-me sobre  este meu livro:

«O meu ilustre amigo está de parabéns. A sensibilidade de que deu provas na aturada e cuidada investigação a que procedeu, são uma excelente prova de que a expansão da cultura se faz pela autoridade dos mais dotados, dos que prezam o compromisso de intelectual vigoroso e da seriedade com que se comprova a existência da cidadania quando manifestada por trabalhos que têm o sinete desta distinção (...) Está o meu bom amigo consagrado como um excelente investigador que transportou para o texto a confirmação dos preciosos atributos dum admirável Historiador. Por estas razões eu lhe agradeço o prazer da leitura que me proporcionou ao ler e apreciar o primoroso texto do livro que tem o título «Castro Daire, Os Nossos Bombeiros, A Nossa Música»Ass) Fernando Amaral, Lamego, 20-02-2006.

É isso. Assim fala quem de direito e de saber. Assim fala o ex-Presidente da Assembleia da República, DR. FERNANDO AMARAL, cargo que desempenhou com isenção, dignidade e fidalguia. Assim falam dos meus trabalhos outras pessoas, gente idónea, grada, habilitada e séria. Gente que eu sempre procuro honrar (e nunca por nunca desiludir) com os trabalhos que publico. E não é meia dúzia de prosas situados nos antípodas desse procedimento, credibilidade, apreço e avaliação, pessoas que se auto-retrataram neste jornal, que aqui exibiram o seu grau de alfabetização e cultura, que me fazem mudar de princípios, de metodologia e de objectivos. É uma questão de personalidade, de verdade e de estilo. Forma séria de estar na comunidade, na história e nas letras. Por isso, e para que, de uma vez por todas, esta Direcção  deixe de falar do que não entende, aqui fica o meu solene desafio: mandem fazer um livro alternativo que eu ASSUMIREI, tal como a Câmara fez com o meu, as despesas da impressão. Mas só nas seguintes condições: a) que o livro não seja um plágio dos meus trabalhos; b) que tenha o mesmo volume de informação histórica documentada que tem o meu; c) que o produto da sua venda reverta em benefício da Associação; d) que o seu autor tenha currículo académico e reconhecido mérito público. BastaCom isso acaba-se toda a léria.

QUARTELE saibam que a minha  palavra tem a força de uma escritura que, para ser pública, não precisa de ir ao notário. Fica publicada aqui, nas colunas deste jornal, que poder-me-á ser apresentado quando tal obra estiver feita e eu tiver de saldar o patrocínio que, aqui e agora, prometo. Até lá, enquanto tal obra não for  «apregoada aos quatro ventos» e vendida por 10.000 contos, quem isto disse deve à Associação esse montante em dinheiro. Venha pois o livro alternativo. Vamos ver quem fala a sério ou quem tem conversa de treta. De caminho e embalados, aproveitem também fazer a publicação, em livro, das «centenas» de cartas que receberam a apoiá-los. Da minha parte folgo muito que «centenas» de pessoas tenham tomado essa atitude, pois é sinal de que compraram o livro, que o leram e agiram de forma esclarecida. Ou não foi assim? Logo se verá aquando dessa publicação. Não fazê-lo, como vai acontecer, seguramente, é a prova provada de mais esta fanfarronada.

O «Notícias de Castro Daire» e os seus leitores merecem outro nível, outra elevação de comportamento, de pensamento e de argumento. Aqui ficam, para o presente e para o futuro, registadas a postura e as preocupações de quem está empenhado no progresso do concelho, no desenvolvimento das suas gentes e instituições e daqueles que, pespegados aos parâmetros culturais de que dão fé em tudo quanto fazem, dizem e escrevem, apostam no contrário. A comunidade e os tempos ajuizarão da postura, dos factos,  das ideias, da forma, do conteúdo, da palavra e do caracter dos protagonistas de toda esta história. Neste jornal estão a escrever-se páginas de HISTÓRIA  que serão a honra ou a vergonha de quem as escreve. Basta, para tanto, que haja HONRA que haja VERGONHA.

Também  no «Notícias de Castro Daire» de 24-04-2006

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PS: TEXTO INTEGRAL TRANSCRITO DO MEU VELHO SITE, PUBLICADO NA DATA SUPRA, SEM ILUSTRAÇÃO.

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.