No dia 16 do mês passado "postei" aqui, neste meu espaço, um texto sobre a CENSURA, texto que tinha publicado no mensário "Lamego Hoje" do mês de Setembro de 1987. Fi-lo por razões que respeitam ao que se vai por aí dizendo e praticando, nestes tempos, relativamente à expressão livre e responsável do pensamento.
Também já deixei neste meu espaço uma referência à urticária que me causam aqueles que, nos blogs, se refugiam no ANONIMATO para exprimirem as suas opiniões, com o receio, diz-se por aí, se serem perseguidos, caso se identificassem com os nomes próprios.
Mas já mostrei, também aqui, que começava a compreender e a ter uma certa simpatia por esse seu resguardo, uma vez que, conhecendo eles a MENTALIDADE dos que detém o poder, das duas, uma: ou recorrem ao anonimato para poderem dizer o que pensam sem receio de serem perseguidos, ou ficam calados, surdos e mudos, para não serem incomodados.
Pois bem, eu fiz e disse tudo isto, sem saber que estava, por dias, a saída do livro "PORTUGAL LENDÁRIO", editado pelo Circulo dos Leitores, depois de, há anos, ter sido dado à estampa, em edição de luxo pela Reader'Digest, onde figurava e figura a lenda do "Lobisomem de Fareja", concelho de Castro Daire. Uma lenda por concelho.
A saída do livro foi divulgada pela Internet e como não é presumível que o "ALERTA GOOGLE" não tenha "alertado" a Câmara Municipal de Castro Daire sobre um assunto que dizia respeito ao concelho, Câmara essa que preencheu as páginas que abriu nas REDES SOCIAIS com fotos e mais fotos das marchas de S. João e S. Pedro, sem uma palavra sobre PORTUGAL LENDÁRIO. Ora face a isso, os responsáveis pelo folclore e CULTURA deixaram claro duas coisas: primeiro, não gostaram da lenda incluída no livro (eu não tive nada a ver com o critério usado pelo compilador na sua selecção, pois do meu livro de onde ela foi extraída,"LANDAS DE CÁ, COISAS DO ALÉM" (livro esgotado e muito procurado) também figura a LENDA DE NOSSA SENHORA, se calhar mais do do agrado do PODER LOCAL); segundo, silenciaram o assunto por tal lenda ter a minha assinatura. Mas enganam-se aqueles que assim procedem, pensando que eu deixaria no SILÊNCIO procedimentos que têm mais a ver com CENSURA do que com CULTURA, ainda que não falte por aí quem suba aos palcos da mediocridade, a cantar hinos sobre a estopa, a roca e o fuso, como se o futuro do concelho estivesse em tais vozes e em tais letras.
Eu, cá por mim, seguindo a máxima de um ilustre pensador, "estudo o passado para dele me libertar e não para o reavivar". Expressão onde qualquer pessoa informada e culta vê o antagonismo dos conceitos evolução/regressão.
Isto, em Castro Daire, tá bonito, tá!