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sábado, 28 março 2020 19:59

FALADURA

Escrito por 

O MEDO

Neste tempo de clausura

Tudo bota faladura

A falar do que não sabe.

Fala o Papa, fala o cura

O sacristão e o abade

O civil e a autoridade.


Narrativa sem enredo

Ninguém pode ficar calado.

E a faladura é tal e tanta

Que a rezar se mostra o medo

Que fez saltar a tampa

Da panela em todo o lado.


E como um mal nunca vem

Só, pelo correio recebi 

A imagem que nunca vi

E interroga também:

Porque chorais senhora?

Porque não amainais a ira

Deste malfazejo corona”?

Se milagres fazeis, 

Porque não aproveitais agora

Não deixamdo ir embora 

Quem no mundo quer ficar?

Porque estais a chorar
Comovente junto dos caixões?
Estas perguntas faço eu.
Não vão eles para o céu
Os que estão a embarcar
apesar das suas orações?

 

Porque chorais Senhora?
Fazei milagres. Está na hora.

 

Abílio/28/03/2020C04F03D0-F333-460A-A2EF-00B652267D10

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.