Na poesia, inspiração a jorros
Buscada em rios, montes e morros
Dispensam toda a glosa.
E em prosa
A narrativa sem estrutura
No género mais diverso
Apresenta-se firme e segura
Evidente marca
Que basta
A esta nova casta
No uso do verbo e do verso.
Que sejam felizes em tal tarefa
É o meu sincero desejo
Mas não deixem, como vejo,
Que a vírgula solitária ou em catrefa,
Esse símbolo gráfico da norma
Que tem forma
De minúscula foice,
Atrevida e sem jeito,
Em abundante prática
Se interponha entre predicado
E sujeito
Dando um valente coice
Na gramática.
Digo-o por estar vacinado
Contra tal intromissão
Pois, por meu descuido,
Por minha desatenção,
Quando dessa regra não cuido
Mau grado tê-la ensinado
E usado toda a vida
Deixo tudo estragado
E vai que não vai, a cada momento,
Lá está ela, asinha,
Contra vontade minha
A foiçar-me o pensamento.
Lamento.
Mas quando ela
Prolifera
Nos textos, por desconhecimento
Dessa norma elementar
Da nossa escrita
Pergunto-me, por desdita
Minha, o que andei eu a aprender
E a ensinar
Para bem comunicar
E bem escrever
E isso ver
Em grande acervo
Nesta nova casta do verso e do verbo?
Abílio/Posto no Focebook em 17 De abril de 2014