Quem é que sabia que em Lisboa havia a rua Abade Faria? E o que faria o Abade Faria para ter a rua que merecia?
Pouca gente sabia. Tal como pouca gente sabe quem foi esse abade e o que na vida fazia. Hoje já assim não é. E num país de muita fé, de monges, clérigos, abades (e também muitos alarves) a rua Abade Faria converteu-se num santuário, a pontos de, noite e dia, jornalistas hipnotizados, dali debitarem notícias, comentários, mas não sobre o Abade Faria, nem sobre o que ele fazia, para ter a rua que merecia.
Então o que fazia
O Abade Faria
Pra ter a rua que merecia?
Vejam as linhas com que o mundo se cose. Ele dedicou-se ao estudo da hipnose e de tal forma o fez, quem a dizer isso viria? (Só mesmo a Pitonisa!) que no número trinta e três da rua Abade Faria se recolheria um dia a figura que toda a orbe hipnotiza.
E não digo mais
Desta vez,
Pois tal se espera dos jornais
E jornalistas acampados
Encantados, embasbacados
Ocupados, informados
Formados, hipnotizados
Junto à porta trinta e três.
Abílio/setembro/2015