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domingo, 02 fevereiro 2014 14:14

DIANA A CAÇADORA (3)

Escrito por 

Diana, era o nome dela

Perdigueira, híbrida raça

E em tantos anos de caça

Nunca tive melhor cadela

 

Olhem, olhem bem os olhos dela, da Diana, da minha cadela perdigueira, anos a fio companheira de passeios e de caçadas

Diana-toda

na serra. Olhem, olhem bem como ela, a minha cadela me olha. Olhos postos em mim, ela espera a minha escolha: vamos passear ou caçar? Ouço a pergunta. E ela, a minha cadela, a esse seu olhar castanho, penetrante, fixo em mim, tal se vê, tal se sente, junta a eloquência da quietude, do silêncio, quase parece gente, nem pestaneja, e assim, aqui, em Fareja, sentada na varanda, é ela a dona, é ela quem manda. Os meus filhos que crescendo a viram crescer, três crianças a bem dizer, dois rapazes uma perdigueira, partilharam, tanta vez, em viagem, no banco de trás do carro, a mesma brincadeira, a verdade que aqui lembro,  que aqui narro.

Olhem, olhem bem os olhos dela, pois foi a olhar assim que ela, a minha cadela, sempre se fez entender. E foi a olhar assim que a morrer se despediu de mim. Perdigueira, fomos companheiros no combóio da vida, onde não faltam estações e apeadeiros. Ela desceu no seu apeadeiro eu, sem cadela nem cão, deixei a serra e prossigo viagem até à minha estação.

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.