Dizem-no aberta ou veladamente os da DIREITA. E as "falas" que tenho lido e "ouvisto" fazem-me rir. Fazem-me reler Aristófanes e arriscar umas linhas, em diálogo comigo mesmo: não receies assumir o papel do bronco Estrepsíades e bater, sem maneiras, à porta do luso pensadoiro e dizer o que pensas, mesmo fora de portas. Se alguns dos pensadores-lusos se mostrarem escandalizados contigo, faz pior ainda: levanta o braço, mostra-lhe o dedo médio (com o indicador e o anelar dobrados), como fez Estrepsíades a Sócrates quando falavam sobre o dactílico(2). Não receies, como ele não receou, que o teu trabalho, ribombando entre as nuvens, visto pelas divindades do saber, seja comparado a «um bom par de peidos»(3). Não receies ser o campesino bobo da corte, o vaqueiro vicentino, não receies receber «sete repelões (...) à entrada», mas entra e diz-lhe: "vocês para mim vêm de carrinho".