CASTRO DAIRE - PONTOS DE VISTA: AS GRAVURAS DO CÔA
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30-07-2010 12:55:35
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Passados 15 anos depois de tanto alarido sobre as gravuras do Côa, aí temos prontinho, inaugurado, hoje, dia 30 de Julho de 2010, o «Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa».
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Como me lembro das acesas conversas travadas nas mesas dos cafés, nas tavernas, passeios públicos e nas escolas, em torno da preservação das gravuras e/ou do afundamento delas nas águas da barragem.
... E nós estivemos lá ...e fotografámo-las....
Património paleolítico, arte dos nossos avoengos que por ali caçaram, pastorearam e gravaram na pedra as bestas selvagens e/ou domesticadas do seu tempo, recordo as bestiais conversas de alguns amigos (amigos e colegas, alguns deles) desafiando-me a descobrir nas margens do Paiva, aqui, nos arredores de Castro Daire, património semelhante, pois não faltavam painéis xistosos ao longo do seu curso.
Ignorantes e cegos perante o valor insofismável do achado, seguros de que tudo aquilo não passava de «política» contra a «barragem», adiantavam-me conhecerem algumas pessoas oriundas de Foz Côa que, vivendo em pleno século XX, quando por ali andavam a pastorear o gado, rabiscaram também naqueles painéis de xisto os seus bonecos de entretenimento.
Foram vozes que se perderam no deserto. António Guterres, primeiro-ministro de então, teve a coragem de não afundar as gravuras, esse património da humanidade. E esse legado dos nossos antepassados paleolíticos, ali está, agora, para ser visto, apreciado e estudado pelas gerações presentes e pelas gerações vindouras.
A Mafalda, mãe dos meus filhos, parou, olhou, viu e sentiu. A morte prematura não lhe deu a oportunidade de parar, olhar, ver e sentir a obra que os homens cultos de hoje construiram em homenagem aos seus primitivos avoengos paleolíticos.
Como bem mostram as fotos que ilustram este artigo e fazem parte do meu Álbum de Família, tive o privilégio de ver de perto esse património, antes de me submeter as todas as formalidades que, por negra, se tornam indispensáveis e necessárias quando se quer proceder à preservação, explicação e conhecimento do tempo, dos protagonistas e do contexto histórico que as produziram.
Digamos que, passado todo este tempo, tomando as coisas o rumo que tomaram, aconselhava esses amigos e colegas que de mim discordavam, ironizando com o valor daqueles «rabiscos» a irem lá fazer uma visita e, após ela, retomarmos a conversa que há 15 anos atrás interrompemos. E ao conhecimento que então tinham e alardeavam, dando-me nota de conhecerem pastores do século XX que reivindicavam serem autores de tais gravuras, contrapor a obra ali feita e a lerem o pequeno texto extraído da Internet, relativo à inauguração do Museu, que aqui deixo:
«Mais do que um museu dedicado às gravuras rupestres do vale do Côa, o espaço mostra a sua importância de entre os outros núcleos mundiais desta arte. Com cerca de 800 metros quadrados de área de exposição, é inaugurado amanhã ao meio-dia pela ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, deixando para trás muita polémica e um movimento da sociedade civil e académica, que teve como «slogan» «as gravuras não sabem nadar».
O «amanhã» referido no texto, é hoje, 30 de Julho de 2010
NOTA: Publicado no velho site em 30-07-2010 migrou home mesmo para este novo site com as mesmas ilustrações.