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terça, 19 outubro 2021 12:38

ANTÓNIO CARDOSO GIRÃO, MONÁRQUICO ASSUMIDO

Escrito por 

HISTÓRIA EM MOVIMENTO

Vimos já o Dr. Antonio Cardoso Girão bem a ompanhado, social e politicamente. Monárquico assumido e defensor da MONARQUIA quando ela já estava visivelmente no seu estertor, deixei a sua biografria resumida no meu livro “IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA EM CASTRO DAIRE - I”, mas não disse lá que, em 1917, ele,  ou alguém por si, bem tentou chegar a identidade dos seus ascendentes remotos.conforme documentos avulsos insertos no dossiê que engrossa o espólio que me foi doado pela esposa  (segundas núpcias) do senhor Fausto Girão (seu filho), Dona Mariazinha, cujos nomes completos se dirão lá mais para diante.

 1-GIRÃO-manuscritro 2aProcurava saber algo dos apelidos “CARDOSO” e “PIMENTEL”, pois tal se infere das respostas dadas por Inácio Ferreira de Novais, num manuscrito datado na Meda, no dia 10 de junho de 1917. E nele se lé o seguinte:


“A certidão que V. Exa. Deseja não aparece. Em 1838 aparece o assento de batismo de Maria Emília, filha de Luís Pereira de Sousa e Menezes e de Dona Maria Feliciana, meta paterna de Luís Pereira de Sousa e Menezes e da Dona Maria Francisca. Em 1835 aparece o assento de Maria Augusta, filha e neta daqueles mesmos pais e avós. Os apelidos CARDOSO e PIMENTEL não se encontram nos mencionados assentos.

O livro começa em 1929, não havendo outro anterior e chega a 1842. Percorri-o todo, examinando-o com cuidado e por mais de uma vez não foi possível encontrar o que procurava”.

Num outro manuscrito, incompleto, mas com a mesma letra, reitera não aparecerem nenhuma das certidões pedidas “por carta”, acrescentando que a Dona Maria Emília “que V. Exa. diz, faleceu em 1906”, ainda que o seu nome não apareça entre 1900 e 1911.

 «Em um casamento celebrado em 1831, encontra-se o de Luís Álvares da Fonseca com D. Ludovina e Menezes, filha legítima de Luís Pereira de Sousa e Menezes e de D. Tomásia, natural de s. Martinho de Mouros».

2-GIRÃO - manuscrito2bEm um casamento celebrado em 1856, encontra-se mencionado como testemunha Luís Pereira de Sousa e Maria do Carmo Tavares. A assinatura tem mais Menezes. Parece-me que não é esta a pessoa de que se trata. Não há assentos de casamento anteriores a 1828, nem outubro, neste ano de 1860.

Enfim, por mais que procurei não achei nenhuma das certidões pedidas por v. Exa. Se me puder dar esclarecimentos mais precisos, como a data um tanto aproximada dos nascimentos e óbitos…”

Mas quem porfia sempre alcança e o Dr. Girão, parece ter encontrado as certidões que procurava nos Cartórios de Ceia, pois no mesmo dossiê a que me reportei, existem apensas algumas CERTIDÕES, com data de 1917, assinadas pelo Pároco Manuel Pereira Oliveira, da freguesia de Sobral de Pichorro, concelho de Fornos de Algodres.

Numa delas vemos que no dia 13 de novembro de 1848, no livro de assentos de casamentos, se registou o “recebimento” mútuo do Doutor José António Ferrão Castelo Branco com Dona Maria Augusta Pereira de Menezes Beltrão.

A cerimónia teve lugar na capela de Joana Felícia de Sousa Menezes Osório Beltrão e tiveram como testemunhas, José António Ferreira Ferrão Castelo Branco Ilharco, filho de António Ferreira Ferrão Castelo Branco Ilharco e de sua mulher Dona Joana Rita Borba de Lencastre (…) Dona Maria Augusta de Menezes Beltrão, filha de Luís Pereira de Sousa e Menezes CARDOSO e de sua mulher Dona Maria Feliciana Pimentel, naturais e moradores no lugar e freguesia de Vale de Ladrões, bispado de Lamego. Foram testemunhas presentes António Ferreira Ferrão Borba Castelo Branco, natural do dito lugar e freguesia de Santiago de Ceia e o reverendo António de Almeida Nóvoa, abade da freguesia da Granja, deste Bispado de Viseu.

E foi por esta via que chegou assim aos apelidos CARDOSO e PIMENTEL que procurava, mas certamente desgostoso por saber que num livro de registo de ÓBITOS, do ano de 1879, fls 85v, “faleceu não tendo recebido sacramentos da Santa Madre Igreja, exceto a extrema-unção, por a morte não dar lugar, um indivíduo do sexo masculino, por nome António, solteiro, de idade de 28 anos, mais ou menos, proprietário, natural desta freguesia, filho legítimo de José António Ferreira Ferrão Castelo Branco e Dona Maria Augusta Pereira Menezes Beltrão, aquele natural da freguesia de Santiago de Ceia e esta da freguesia de Vale de Ladrões, bispado de Lamego. Não fez testamento e foi sepultado no cemitério público desta freguesia”.

Natural de Lamego. Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra em 1905, casou com a senhora Dona Maria de Assunção Álvares Feio Girão, de Castro Daire, casal que deu ao mundo o filho Fausto Figueiredo Feio Cardoso Girão que, tendo enviuvado do primeiro casamento, casou em segundas núpcias com Maria José Almeida Matos Cardoso Girão de que não houve descendência direta.

 Fizeram vida em Castro Daire, ainda que mantivessem a casa da Quinta do Paço (Rezende) e, como se vê pelos postais que ficaram no «álbum» de família visitassem Alvações do Corgo, onde tinham haveres e familiares, ligados ao General Joaquim José Álvares, cuja BIOGRAFIA já deixei amplamente documentada.

Fausto Figueiredo Feio Cardoso Girão faleceu em 22-01-1991 e a viúva em 11-12-2004. Sem filhos, esta última fez testamento e deixou como herdeiros os sobrinhos António Augusto Figueiredo Almeida Matos e Mário Jorge Figueiredo Almeida Matos.

Posto o que, fica o leitor habilitado a fazer um juízo sobre a referência que faço em prol das «ciências sociais», em geral, e, em particular, dos protagonistas da História, respeitando, com isenção e nobreza, as suas identidades, sem lhes acrescentar, depois de mortos, apelidos que eles jamais tiveram, nem usarem em vida.

E foi baseado nas informações recolhidas nos registos notariais da Meda e de Ceia que O Dr. Girão (ou alguém por si)  rascunhou da árvore genealógica que deixou num papel comum, tal qual aqui se reproduz: 

3-GIRÃO-GENEALOGIA

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.