Gravado em vídeo HI8, perdido que andou, todos estes anos, nos arquivos pessoais do meu filho Valter de Carvalho - o camaraman de serviço - após o achamento, foi imediatamente digitalizada e não tardou que um link com o seu conteúdo tilintasse na minha caixa do correio eletrónico.
Uma enorme surpresa para mim e um gigantesco agradecimento do pai ao filho que, conjuntamente com o irmão Nuro de Carvalho e suas companheiras Sandra e Ana, fizeram questão de se associar à FESTA, deslocando-se propositadamente de Lisboa a CASTRO DAIRE, para o efeito.
De posse do vídeo, com a perda da qualidade que resulta da renderização do analógico para o digital, parti-o em pedaços e PARTILHEI-OS no YOUTUBE, com legendas explicativas, por entender que esse meu gesto era mais um passo dado na senda que tenho vindo a seguir há anos, na investigação e divulgação da HISTÓRIA LOCAL.
Acresce que, passados todos estes anos, a edição do livro esgotou-se e, ainda que esse “meu filho” intelectual tenha sido requisitado, ao longo do tempo, por pessoas estudiosas da HISTÓRIA, em geral, ou do ROMÂNICO, em particular, sobretudo depois das excelentes e posteriores reportagens disponíveis no GOOGLE acerca do ROMÂNICO NA CANTÁBRIA, que também já chamei às minhas crónicas publicadas neste site – trilhos serranos - associando-as à INTERPRETAÇÃO pouco canónica que dei às SIGLAS, atitude minha que o Dr. João Duarte de Oliveira classificou de HETERODOXA, enaltecendo o “pedreiro de Cujó” que contra o “magíster dixit”, depois de aprofundado estudo, com vigor, lucidez e inteligência, se recusou a ver nelas a simples, clássica e canónica assinatura dos canteiros que lavraram a cantaria do edifício.
Mas, esgotada a obra, dizia eu, os nossos autarcas responsáveis pelo PELOURO DA CULTURA, apesar de ser notória e pública a minha disposição de trabalhar “pro bono” na divulgação da nossa CULTURA (é só lembrar os títulos a que dei nome, sem receber um chavo do meu trabalho) se têm mostrado mais inclinados a alimentar os “canários” e de mais passaredo cantante que, com seus gorjeios, vão esvoaçando por Portugal Inteiro. E, conhecedores que são de que AQUI TAMBÉM É PORTUGAL, vêm sazonalmente esponjar-se nas eiras do costume e logo abalam de papo cheio de milho, após mil aplausos dos munícipes, os mesmos que acorrem às urnas de 4 em 4 anos a deixar lá o seu voto e a fazer as convenientes vénias.
Adiante.
Nessa CERIMÓNIA, além da apresentadora do livro, a Dr. Conceição Campos, ensaísta com obra publicada sobre Fernando Pessoa, natural de Valença do Minho, donde era também o senhor ARAÚJO E GAMA, ex-Chefe de Finanças em Castro Daire, que se veem no vídeo em franca “cavaqueira”, participaram TRÊS profissionais de DIREITO, a saber, o Dr. Arménio de Vasconcelos, o Dr. João Duarte de Oliveira e o Dr. Fernando Amaral. Todos eles figuras públicas sobejamente conhecidas que, de forma eloquente e generosa, cada qual a seu jeito e na circunstância, teceram as considerações que entenderam em abono da obra e do autor.
Passados todos estes anos, ouvidas que são as suas palavras, mal ficaria eu comigo mesmo – sigo sempre os ditames da consciência - se não fizesse este apontamento escrito sobre tão caloroso e significativo evento, agradecendo a TODOS ELES, mesmo que a destempo (ou em memória) essa mesma generosidade intelectual, franca e humana. Por formação e experiência da vida, assentei para mim que o «reconhecimento do mérito alheio reverte sempre para quem tem a generosidade de reconhecê-lo».
E porque, entretanto faleceu o Dr. Fernando Amaral, desfazendo esse trio de profissionais de DIREITO, homens do FORO, conhecedores das causas justas e injustas, entendi ser de inteira JUSTIÇA evocar as suas profissões e nomes, dando a esta crónica (tal como já fiz no vídeo que anexo em rodapé) o título “MOSTEIRO DA ERMIDA «JUSTIÇA DE FACTO E DE DIREITO»” e interpretar os argumentos de cada um deles, proferidos na circunstância, como as suas ALEGAÇÕES FINAIS em defesa da nossa HISTÓRIA E CULTURA.
Eles o fizeram nessa CERIMÓNIA em 2001. O Dr. Fernando Amaral já faleceu. O Dr. João Duarte Oliveira está confinado ao seu lar, como tantos outros idosos que já não sabem «como vai o mundo». Nem vai ler, seguramente, esta crónica, com pena minha. O Dr. Arménio de Vasconcelos, continua na sua lufa-lufa, lá por em Leiria, Figueiró dos Vinhos e Gafanhão, sempre com os olhos na HISTÓRIA e nas ARTES, convicto, como diz, ao vivo e em discurso direto, que os “homens passam e as obras ficam”.
Eu, neste ano de 2020, mantenho-me acordado, de olhos abertos, atento ao mundo que me rodeia e, com tino ou sem se ele (os meus amigos dirão de sua justiça) a escrever verdades incómodas e a lembrar eventos e nomes de REFERÊNCIA, cuja humanidade, feitos e obras, goste-se ou não, os “vão da lei da morte libertando”.
vídeo: https://youtu.be/aB8BSrJJRZs