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domingo, 11 agosto 2019 06:49

CASTRO DAIRE - COMÉRCIO TRADICIONAL

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CASTRO DAIRE - COMÉRCIO TRADICIONAL - 2

Mas seria injusto esquecer mais três lojas do género que, vindo do antigamente, mantêm porta aberta, funcionando segundo os moldes tradicionais, ainda que uma delas tenha aderido aos produtos, «miudezas» e quinquilharias dos tempos que correm.

 

 

São elas a «Casa Pontes» de Açucena Monteiro Pontes, às portas do Largo Espírito Santo, a caminho do Bairro do Castelo, mais a «Loja Benilde», da Dona Benilde Morais, e, ainda, a «Casa das Miudezas», de Maria do Rosário A. P. Marques.

Estas duas casas comercias mais as duas que referi no artigo anterior ficam no centro da vila, na estrada nacional nº 2, na rua que moderno o projecto de requalificação levado a efeito pela Câmara Municipal estreitou, alargando os passeios tornados autênticas valetas em tempo de chuva e resguardando-nos com uns ganchos pretos de cabelo, sem arte nem estética, que volta-e-meia os carros entortam ou deitam por terra. Tais apetrechos, não nobilitando, nem trazendo qualquer mais valia à estética e à funcionalidade do arruamento, são e serão sempre, enquanto for essa a opção, uma verdadeira fonte de receita para a firma que os produz e uma fonte lastimável de despesa para o Município. Mas manda que pode.

Todas estas lojas comerciais, pela forma como expõem os seus artigos, lembram os antigos «bazares» ou bancas de feira. A Dona Benilde iniciou-se nesse ramo profissional a vender de feira em feira e de povo em povo. A idade e o «pecúlio» angariado com muito trabalho e sacrifício, permitiram fixar-se em loja própria e ali a temos permitindo aos clientes que vasculhem, que regateiem, que comprem ou que se vão embora sem levarem coisa nenhuma depois de revolverem recheio que na loja existe.

Na «Casa das Miudezas» da Dona Maria do Rosário, sua proprietária e gerente, as coisas estão mais arrumadinhas e ela orgulha-se daquele estabelecimento ter estado na família há um bom par de anos: o seu tio possuiu-o cerca de 40 anos, a mãe cerca de 38 e ela própria, que já ultrapassou o meio século de vida, misturou ali as letras da escola primária com as lides do comércio ajudando a mãe.

A Dona Açucena Pontes, que anda pelos 70 e tais anos de idade, mantêm-se firme no seu posto e não deixa esgotar o recheio de produtos de que sempre se viu rodeada.

Clientes que vão a todas estas lojas, não vão apenas comprar. Vão também conviver, conversar, falam do mundo, da família, da saúde, como vão os filhos e os netos. Estes comerciantes são, por força da lei da vida e das mudanças operadas no ramo comercial, uma espécie em vias de extinção. Daí esta referência aqui, enquanto vivos e úteis à comunidade onde estão inseridos.

NOTA: PUBLICADO NO MEU VELHO SITE E MIIGADO PARA ESTE HOJE MESMO

Abílio Pereira de Carvalho

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.