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quinta, 23 maio 2019 17:26

OS MEUS CRÉDITOS

Escrito por 

«A VERDADE VEM SEMPRE AO DECIMA, COMO O AZEITE»

Por despeito, mediocridade ou incompetência, não falta por aí quem tente amesquinhar o meu trabalho de investigação, senão mesmo desacreditar-me enquanto HISTORIADOR. Houve até uma polémica pública que envolveu e envolve, coniventemente, os BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS e o EXECUTIVO MUNICIPAL., sobre um livro meu.

 

CAPA REDZUltimamente tenho andado a REVISITAR e a registar, em VÍDEO, as AZENHAS DE AZEITE que deixei historiadas no livro “Castro Daire, Indústria, Técnica e Cultura”, editado em 1995. E, falando de AZEITE, já disse que a VERDADE vem sempre à superfície.

Livro feito em 1995, depois de muito cirandar por terras do concelho e de muita recolha de informação junto das pessoas que nesses eqipamentos industriais trabalharam, a fim de ser o mais rigoroso possível e transmitir aos vindouros a verdade dos factos,isto é, FAZER  HISTÓRIA, eis o que deixei escrito nas páginas 212/213, desse livro:

SEIRAS“As «seiras» cheias de massa (bagaço de azeitona moída) são colocadas na “sertã”, peça feita de pedra lavrada à frente da qual se encontram a "tarefa" a "talha" e o "sangradouro", também em pedra lavrada.

A tarefa recebe o azeite que sai da sertã misturado com água quente. A talha recebe o azeite limpo que, por força da densidade dos corpos, vem à tona e o sangradouro expurga o azinagre, mais pesado, que se escapa pelo sifão, cuja abertura superior é habilmente manejada pelo lagareiro através um trapo sempre pronto a permitir, ou não, a entrada de ar e a manter o nível conveniente do líquido dentro da tarefa. O inferno, sempre num plano inferior, recebe o azinagre. Mas tudo começa assim:

A azeitona, depois de lavada, é colocada no "pio" e as "galgas" uma vez em movimento, logo exercem a sua acção transformadora.

RODA CENTRALaO lagareiro, para facilitar a moenda, vai deitando "auga" quente no pio e logo que a massa se encontra capaz de entrar na prensa, passa à segunda fase. A massa é transportada para a sertã em gamelas de madeira e metida dentro das “seiras” com a ajuda de três pauzinhos denominados "frades" e também do "maçarico", pequeno martelo de madeira que aconhega a massa às paredes da “seira”. Atestada uma, outra se lhe sobrepõe e assim sucessivamente até à quarta ou quinta. Feita a pilha de “seiras” coloca-se-Ihe por cima a "adolfa", ou seja uma roda de madeira com o mesmo diâmetro. Por cima da adolfa colocam-se os "malhais" e sobre estes assenta a “vara”. Feito isto o “fuso” de madeira e o “peso” de pedra, rodando em conjunto, entram em acção e obrigam a “vara” a exercer uma pressão permanente sobre a pilha de “seiras”. O azeite não tarda a correr na bica da “sertã” e a entrar na “tarefa”. 

Entretanto o lagareiro e o ajudante, como sabem do ofício, cedo acenderam a “fornalha”, cedo encheram de "auga" a “caldeira” de cobre para poderem dispor de água a ferver e colocá-Ia sobre as “seiras” no acto de prensar”.

PRENSA-REDZaFoi em 1995 que deixei, em letra redonda, o que acabo de transcrever. Mas neste ano de 2019, NAVEGANDO NA INTERNET, encontrei um vídeo alojado no YOUTUBE em 2015 (dois mil e quinze) no qual se mostra uma AZENHA dessas em plena laboração, na ERMIDA DO GERÊS.

Depois de ver esse ENGENHO em movimento e comparar com o texto que escrevi sobre azenhas IMOBILIZADAS que historiei,   imperioso se tornava deixar aqui o link desse DOCUMENTO HISTÓRICO e remeter para ele todos os meus amigos, mais aqueles que não são. Estes, que por aí existem tentando amesquinhar ou a fingir ignorar o trabalho SÉRIO que tenho levado a cabo sobre a NOSSA HISTÓRIA, depois de compararem o que escrevi, em 1995, com o que viram publicado em 2015 e eu aqui reproduzi em alguns FOTOGRAMAS,  puxem por um guardanapo e limpem-se. E limpem-se bem. A “VERDADE É COMO O AZEITE, VEM SEMPRE AO DECIMA”.

É isso. E enquanto eu estiver vivo e tiver dois dedos de lucidez, não vou deixar os meus CRÉDITOS POR MÃOS ALHEIAS. Ora façam o favor de ler, ver e comparar.

 https://youtu.be/ogzqN6Xokog

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.