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domingo, 19 março 2017 15:35

LIÇÃO DA HISTÓRIA

Escrito por 

DECISÕES MUNICIPAIS IRREVERSÍVEIS

Não faltará por aí quem pense que as CIÊNCIAS SOCIAIS, entre as quais se encontra a HISTÓRIA, são ciências de escalão inferior,  face às ditas (e erradamente classificadas)  CIÊNCIAS EXATAS, essas que metem números, somas, multiplicações, divisões e o diabo a sete.  Que a HISTÓRIA e outras disciplinas afins estão a perder terreno nos programas educativos, pois em tempo de NOVAS TECNOLOGIAS, de computadores, telemóveis e quejandos de que serve ao estudante enfronhar-se no conhecimento do PASSADO, esse que só a HISTÓRIA pode trazer ao PRESENTE e mostrar ao HOMEM as suas GLÓRIAS e as suas MISÉRIAS,  por forma a orgulhar-se de umas e envergonhar-se das outras, desde que esteja disposto a acertar o passo na marcha dos tempos e atingir a performance de pessoa educada e civilizada no seio da comunidade em que vive e que herdou dos seus antepassados?  

 No cômputo de todas as disciplinas curriculares da EDUCAÇÃO, em Portugal ou  em qualquer canto do mundo, qual é a disciplina informativa/formativa que substitui a HISTÓRIA na elucidação do HOMEM na sua caminhada civilizacional, desde o homo habilis, ao homo sapiens até ao homo demens e homo degradandis?

Nós podemos ter excelentes universidades e delas saírem fornadas e fornadas  de engenheiros e arquitetos tecnicamente preparados para riscarem prédios, ruas e praças. Podemos ter governantes, ao nível nacional e local,  devidamente assessorados por esses engenheiros e arquitetos. Mas se a todos eles faltar a componente formativa da HISTÓRIA, certo é que os projetos saídos dos seus estiradores, da sua régua e esquadro, apesar de tecnicamente irrepreeensíveis, saem periclitante e socialmente  coxos e a coxear viverão toda a vida, pois como diz o povo sábio: «o que torto nasce, tarde ou nunca de endireita».

Desde há muito que ando a batalhar pelo conhecimento da HISTÓRIA LOCAL. Batalha que não dispensa a investigação, primeiro, e, depois,  a sua divulgação. Tenho-o feito isso na imprensa (onde estão depositados quilómetros de escrita), em livros, no meu site «trilhos-serranos» (velho e novo)  e, ultimamente, no Facebook. Tudo no sentido de, através do saber,  dar o meu contributo à mudança das mentalidades e comportamentos, por forma a que cada um  possa vir a exercer a sua cidadania, de forma mais acertada e esclarecida.

Querem um exemplo? Aí vai. No meu livro «JULGAMENTO» (romance histórico) publicado no ano 2000, referindo-me à CERCA DAS CARRANCAS, em Castro Daire,  no diálogo travado entre os dois protagonistas do enredo, um Juiz e um Capelão, escrevi:

«Esta cerca, que iremos visitar de seguida, antes de regressarmos lá abaixo, é da mesma casa.  Segundo consta, já pensaram em estender o escadório até cá acima ao Calvário, continuando pela parte de trás da capela. O senhor Dr. Juiz não conhece Lamego nem o escadório que da cidade sobe até á Senhora dos Remédios. Se  conhecesse, e espero que venha a c conhecer, veria que era uma coisa semelhante, só que em ponto mais pequeno. As pessoas, crentes ou curiosas, chegariam aqui num ai» (pp 105-106)

JARDIM-ESCADÓRIO

 

Transcrição curta, mas bastante elucidativa. Escrevi e publiquei isto em 2000. O erro do EXECUTIVO MUNICIPAL de inviabilizar um ESCADÓRIO que subisse do JARDIM PÚBLICO até ao CALVÁRIO estava denunciado. Deviam evitar-se outros. E o que se fez na vila de então a esta parte? O que se fez ao Largo do Coreto e ao Largo da Fonte dos Peixes e na Estrada nacional nº 2, com as valetas ao nível dos passeios? Tudo está aí para se ver. É só virar para lá as objetivas das câmaras de fotografar ou de filmar.  

Para já deixo aqui o ESCADÓRIO  que, sem ser arquiteto, nem pretensões de usurpar funções alheias, acrescentei à fotografia de uma tela, pintada pelo fotógrafo Delfim, natural do Porto, (há muito falecido) que para aqui veio exilado e por cá ficou deixando a sua marca. Não fosse ele e eu, fazendo uso de tecnologia rudimentar de composição, não poderia mostrar AQUI aquilo que DEVERIA SER e NÃO É.  Há decisões municipais irreversíveis. E só a HISTÓRIA mostra isso, goste-se ou não.

NOTA: depois deste meu reparo o EXECUTIVO MUNICIPAL, como s vê na INFORMAÇÃO que transcrevi do portal do Município, mudou de opinião. É só ver o dia e as horas da publicação dos textos. Eles bem podem fingir, mas a CRÍTICA FUNDAMENTADA na HISTÓRIA faz mesmo mossa. E o IRREVERSÍVEL torna-se REVERSÍVEL. Ora vejam:

 

Município de Castro Daire

22/3 às 18:54 · 

Informação

A pedido da Associação “O Castelo”, com Sede no Bairro do Castelo nesta Vila de Castro Daire, o Sr. Presidente da Câmara, no final da tarde de hoje, recebeu três representantes da referida Associação, tendo também convidado os Srs. Vereadores com Pelouro e o Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Castro Daire.

Depois de auscultar as opiniões dos intervenientes relativamente ao edifício Conde Ferreira, o Sr. Presidente da Câmara deu a conhecer à Associação o Estudo de Mobilidade Pedonal para o Centro Histórico / Requalificação Urbana que inclui também o Bairro do Castelo.

As representantes da Associação gostaram do que viram e ouviram do Sr. Presidente da Junta de Freguesia, titular do prédio em causa, e também do Sr. Presidente da Câmara tendo ambos referido que aquele edifício não será utilizado como Casa Mortuária ou de Velório, mas como Espaço de Apoio à Comunidade, ficando, assim, a constituir um espaço multifuncional.





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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.