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quinta, 18 fevereiro 2021 15:39

MUNDO DOENTE -14 (CASTRO DAIRE - VACINAÇÃO, 1)

Escrito por 

OS AMIGOS DA ONÇA

Não estou a falar daqueles que correm atrás dos sobejos - ditas sobras - e, à má fila, por cunhas e influências, procuram passar a perna aos que, de boa fé e crentes nas instituições de saúde e seus agentes, não deslizam sobre tais carris e, civicamente, se deixam ficar à espera da sua vez.

Foi o que aconteceu comigo, confiado que estava na informação dada pelo SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE  veiculada pelos órgãos de comunicação social. E foi isso mesmo que aconteceu.

 

PRIMEIRA PARTE

TELEMÓVELNo dia 16 da parte da tarde, , como mostra a foto ao lado, recebi um telefonema do CENTRO DE SAÚDE DE CASTRO DAIRE e fui informado pela voz do DR. JOÃO NETO, médico naquela Unidade, que ia começar a VACINAÇÃO anti- Covid em Castro Daire e que eu estava incluído na lista dos primeiros a serem vacinados, mas primeiro precisava que eu lhe dissesse SIM ou NÃO aceitava a vacina e depois responder a um curto, mas necessário questionário.

Vamos a isso. E finalizado esse questionário, assentou que eu satisfazia os critérios estabelecidos e estava convidado a aparecer no Pavilhão Gimnodesportivo da Escola Secundária de Castro Daire, onde estava montada a logística para levar a efeito essa ingente tarefa, a partir das 14,30.

Foi uma conversa cativante entre dois cidadãos desconhecidos. De um lado estava  um clínico incumbido da dar a feliz notícia e do outro um ancião ansioso de recebê-la, dado os tempos de PANDEMIA que correm

Já o disse em vídeo, mas aqui o repito por escrito. Presumo ser um jovem médico, mas muito madura e empática foi a forma como ele me contatou e confirmou, por via telefónica, que eu satisfazia os critérios adotados na elaboração da lista, sem passar à frente de ninguém, nem correr atrás das sobras.

Eu já tinha lido o COMUNICADO postado no mural do MUNICÍPIO DE CASTRO DAIRE, ficando a saber, por essa via, que numa conjugação de esforços e de interesses a BEM DOS CASTRENSES, o CENTRO DE SAÚDE, O MUNICÍPIO, OS BOMBEIROS E O AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE CASTRO DAIRE, em colaboração estreita, tinham criado as condições de logística para que tão ingente tarefa viesse a ser executada com sucesso no concelho. E posso dar fé que tudo correu sobre rodas na sessão em que fui beneficiário dos cuidados e preocupações de todos aqueles que permitiram que assim fosse.

PAVILHÃONo dia e hora aprazados lá fui eu. Estacionei o carro, fui ler as sinalefas de orientação e fui gentilmente recebido (tal como os demais utentes, como testemunhei) por uma jovem senhora (para mim, com 81 anos de idade, todas as pessoas com menos anos são jovens) que me encaminhou ao sítio para desinfetar as mãos e depois acomodar-me numa das cadeiras do salão, pois não tardaria a ser chamado para preencher e assinar as burocracias inerentes.

Meti conversa com ela com vista a fazer um REGISTO FÍLMICO do evento, pois tendo eu o vício de trazer as “pestilências” do PASSADO ao PRESENTE, em vídeo e por escrito, mal ficaria comigo mesmo se não levasse ao FUTURO a “pestilência” PRESENTE e a forma de a combater, num registo feito de propósito.

Que sim senhor. Vim a saber tratar-se da DRª. CLÁUDIA (se não troquei o nome) também ela integrada naquela Unidade de Saúde. Mas que o colega mais indicado para enfrentar a câmara seria o DR. JOSÉ  PEDRO, pois fora ele que estivera envolvido naquela tarefa desde o início. E sugeriu que não ficaria nada mal “captar” também o olhar de uma enfermeira. E foi o que fiz. Mas quero registar que o trato daquela jovem e diligente médica, de seu nome CLÁUDIA, não destoa da ameixa que tem o mesmo nome: uma doçura a receber e a orientar.

SALÃO GRUPO

 

SEGUNDA PARTE

Comecei por falar nos “AMIGOS DA ONÇA” e acabei por mostrar que não me refiro, seguramente, a nenhuma das profissionais do corpo clínico, enfermagem e funcionários, que tão proficuamente levaram a cabo a primeira fase de VACINAÇÃO contra a COVID-19, em Castro Daire.

MÉDICO-ENFERMEIRAPois. Os “amigos da onça” a que me refiro, além dos tais que, à má fila, correram atrás das sobras, são também aqueles meus “amigos” pessoais (diferentes de «virtuais»), depois verem o vídeo que fiz e alojei no YOUTUBE, sobre esse evento, onde figura uma foto minha a ser vacinado, feita a meu pedido para poder deixar DOCUMENTADO o milagre saído dos laboratórios farmacêuticos destinado a combater o PESTILÊNCIA do século, eles apressaram-se a perguntar-me qual foi a VACINA que recebi, de entre as que estão mercado.

Informei-os, ingenuamente, que fui injetado com a primeira dose da “PFIZER-BIONTECH”, o que lhes deu ocasião imediata para se divertirem à grande, certamente apoiados no anedotário nacional que por aí anda à solta.

foto-1Que me tinha saído a sorte grande. Porquê? Porque esse laboratório é o mesmo que fabricou o VIAGRA e, assim sendo, nunca se sabe se a VACINA destinada a combater o CORONA, cujos efeitos secundários são os que estão indicados na bula, a saber: fadiga, cefaleias, mialgia, calafrios, artralgia, pirexia, náuseas e rubor no local da injeção, bem podem ser outros, isto é,  o injetado, independentemente da idade, sofrer temporariamente de dislexia e, por  via disso, fazer cair a sílaba intermédia da palavra CORONA e, bem assim, trocar o “C” pelo “G” na palavra VACINA, em resultado do que, iludido, cheio de apetite corre à Farmácia para comprar VIAGRA.

São bem-humorados e criativos estes meus amigos. Mostrei-lhes a minha ignorância sobre isso, pois não sabia que tal fármaco tinha essa proveniência, sinal de que nunca tinha usado. E, assim, se eles sabiam, é porque estavam em desvantagem em relação a mim. Eu não sabia, e eles, coitados, vindos à tosquia, acabaram por ser tosquiados.

EPÍLOGO

Nos tempos da PANDEMIA e do CONFINAMENTO a que estamos sujeitos, fechados em casa, sem o convívio social natural entre seres humanos, não levei a mal a insinuação que eles, diplomaticamente, fizeram à minha idade, mas adverti-os de que, quando se olhassem ao espelho, se vissem a si próprios e não pusessem lá outra pessoa refletida, pois sendo nós todos iguais, somos todos diferentes.

PS. Depois deste texto ter sido publicado fui advertido, por cidadão atento, que, ressalvando o erro, o médico com quem falei não se chamava JOÃO. Agradeci-lhe a avertência e entrei de imediato em contacto com a minha ex-aluna, Alexandra Vicente, funcionária naquela Unidade de Saúde, e fui esclarecido que, de facto, o médico é o senhor Dr. José Pedro e não JOÃO. Procedi à correção e aqui deixo as minhas desculpas e agradecimentos a todos.

 

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.